O Que Mata o Poeta

Todo dia o poeta seus belos versos escrevia.

Em cada estrofe o poeta sempre dizia:

Amo a vida e sinto muita alegria.

Eu sonho e tenho até nostalgia.

Desde criança venho escrevendo poesia.

Conto meus versos em novos trechos.

Meus pensamentos não são devaneios.

Minha vida tem seus descaminhos.

Meu mundo inteiro não é feito de concreto.

Tudo o que penso é mais abstrato.

o tempo passa e vou pouco a pouco

mudando o jeito e envelhecendo.

Passou-se rápido meio século.

Ainda não estou de cabelo branco.

Não estou no leito do hospital morrendo.

Mas algo veio num repente e me mata

Não foi a discussão com a mulher amada.

Não foi também a desobediência de um filho.

Tão pouco o ataque do inimigo.

Que saber o que num repente me mata?

No dia em que levei um tiro

fiquei no leito dum hospital deitado.

As horas e os dias foram passando.

E o que num repente me mata é não fazer poesia.

( J C L I S )