Boca delirante
Sábia e faceira...
No escuro procura
O percurso tateia
Entre aranhas e teias
Quer o fruto proibido
Mesmo que por viés errante
Lança seus lábios alucinantes
Vulvas... gritam vibrantes
Veias acesas e pulsantes
Deliram intensas... presentes
Bocas propensas aos mergulhos
Tecem fios em agulhas...fagulhas
Surtam nas ondas das amarguras
Dos indeléveis prazeres mundanos
São santas e profanas... as bocas...
Lânguidas e labiosas...curiosas
No frenesi sensual das buscas
Cospem a água benta ou veneno
Das palavras eróticas e obscenas
No passeio das salivas e cenas
Engolem e roçam gengivas
Letras em impulsos de ogivas
Contato do gozo e do orgasmo
Rangem frenéticas mandíbulas
Sevícias com doçuras à procura
Mastigam o remédio da cura
Indo ao encontro d’outros lábios
Na dança celeste das línguas
Festejam no tablado do céu
Na pele, na coxa, na gruta...em véus
Saciam o apetite feroz da fome
Ah! Desbocadas...ousadas...sem nome
Atrevidas, bagunceiras, sussurrantes...
Não há quem não se quede aos teus encantos
Sempre insinuantes...estão em todos os cantos
Satisfeitas, carentes como loucas e delirantes
Assim é a minha...a tua...a nossa boca?!
Hildebrando Menezes