Boca delirante

Sábia e faceira...

No escuro procura

O percurso tateia

Entre aranhas e teias

Quer o fruto proibido

Mesmo que por viés errante

Lança seus lábios alucinantes

Vulvas... gritam vibrantes

Veias acesas e pulsantes

Deliram intensas... presentes

Bocas propensas aos mergulhos

Tecem fios em agulhas...fagulhas

Surtam nas ondas das amarguras

Dos indeléveis prazeres mundanos

São santas e profanas... as bocas...

Lânguidas e labiosas...curiosas

No frenesi sensual das buscas

Cospem a água benta ou veneno

Das palavras eróticas e obscenas

No passeio das salivas e cenas

Engolem e roçam gengivas

Letras em impulsos de ogivas

Contato do gozo e do orgasmo

Rangem frenéticas mandíbulas

Sevícias com doçuras à procura

Mastigam o remédio da cura

Indo ao encontro d’outros lábios

Na dança celeste das línguas

Festejam no tablado do céu

Na pele, na coxa, na gruta...em véus

Saciam o apetite feroz da fome

Ah! Desbocadas...ousadas...sem nome

Atrevidas, bagunceiras, sussurrantes...

Não há quem não se quede aos teus encantos

Sempre insinuantes...estão em todos os cantos

Satisfeitas, carentes como loucas e delirantes

Assim é a minha...a tua...a nossa boca?!

Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 15/05/2008
Reeditado em 09/06/2009
Código do texto: T990621