O ébrio e a rosa.
Por um momento, não entendia o que se passava.
Por segundos, que pareceram uma eternidade.
Seu corpo dançava, cercado de calor e risadas
Sua alma planava e seus risos cortavam o ar pesado.
Tudo era simples, simples como um final de tarde
Felicidade... Era isso, o que no momento ele tinha.
Seus pensamentos, desconexos, à ele eram lúcidos
Seus sentimentos, dispersos, estavam focados.
Ele tinha se achado... E estava ali, perdido.
Em meio à tantas antíteses...
Ao redemoinho de sensações contrárias... À loucura reinante
Surge a rosa, triunfante...
E era óbvia, vermelha... E era bela.
E tudo, então, voltou-se à ela.
Ele a segurava... E nada mais importava.
Desejou possuí-la, desejou preenche-la.
Queria morar nela, estar em seu coração...
Pois ela era tão bela, perfeita, singela.
E complexa, como coisas assim normalmente o são.
O ébrio mordeu a rosa.
A rosa mordeu o ébrio.
Não sabia-se mais, quem mordeu quem.
Ele, agora, pertencia à ela...
E ela, era dele também.
Por segundos, que pareceram uma eternidade...
Divagou sobre a poesia das coisas, até que enfim...
A realidade atingiu-lhe a fronte, em um terremoto.
Olhou para a rosa, beijou-lhe a face, guardou-a em seu coração
E lembrou-se do copo.
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