Antígona

A face dos anjos não dobra mais sobre os sinos da igreja,

espera o canto do galo na madrugada dos lobos sem fim,

correndo por labirintos escuros de um "senão", tudo bem!

A porcelana quebrada no chão da cozinha não anuncia o chá,

nenhuma tarde de retalhos costurados como colchas,

a vida vai permanecer essa pixação solta pelos muros do subúrbio...

As luzes do campo paradas sobre nós cegos de um caso misterioso,

lutadores deixando o ring sem vitórias à comemorar no fim do round,

raios caem nas antenas de tv durante a tempestade que alaga a represa.

A verdade não está la fora, está aqui dentro na paranóia de cada um,

nos gritos mudos para ouvidos surdos de um mundo insensível,

espero apenas não tatear mais por paredes lisas de expressão.

Anjos nos esqueceram nessa dimensão de pobres renegados,

onde os sentimentos fragmentam-se como vidros estilhaçados,

para sangrarem nossos dedos em tentativas de vãos consertos!