A hora da fúria
Pode ser por um estado de estresse
Por algo na mente esperando solução
Pode ser pelo sucessivo adiamento de obrigações
Por acúmulo de pequenos desgostos
Por alguma desatenção
Pode ainda ser por duas ou três dessas ou outras juntas
Por causa orgânica
Por um susto que deixe os nervos em estado de atenção
Pode ser, simultaneamente, por um súbito mal
Poderia ser coisa de inferno astral
Aí, tal como a formação de um furacão
Com início sombrio, mas distante
Como uma ameaça apenas no horizonte
Vai crescendo a pulsação
A luz em volta se acinzenta
Vai se fechando um foco que alimenta
Um círculo em autocombustão
Vozes que amenizariam viram ganchos:
Degraus para a subida da emoção
Perdem-se os freios e a autocensura
E explode-se desprovido de razão
Não existe concreto nem abstrato
Não tem como reter a convulsão
Não se sabe o tamanho nem o momento exato
Que se aliviará o coração