NOS BRAÇOS DA LOUCURA

Leio por ler o jornal,
Algo estranho preenche o ar,
Sinto-me acima do bem e do mal,
Acho que eu vou pirar.

Numa inquietude total,
A alma fica a vagar...
No universo abissal,
Sem ter onde pousar.

Desequilibrada, sem ponto final,
Quer e não quer regressar,
A vida exige com uma frieza desigual,
Que o insano possa espreitar.

Não se pode ser tão normal!
Há uma necessidade de aceitar,
O seu abraço fraternal,
E suavemente se entregar...

O real e o irreal,
Vozes uníssonas a cantar,
Que euforia, que momento triunfal!
Pelo jeito, sem hora para terminar.

Rasgo em miúdos o jornal,
E deixo a loucura me levar...