Acordes de violência

Oh dor, que arde sem saber

Que me altera o sono

Que me invade assim, friamente

Neve que ao invés de congelar queima

Fogo que me faz tremer

Febre compulsiva

Você.

Você?

Vocês?

Tantos outros

Outras

Talvez quem sabe

Uma incógnita

A forma de uma interrogação

Um sorriso

Uma malícia

Quem sabe...

Ah, saia, saia de mim

Não fique, mate-me

Vás, me deixe só

Oh, não, não me deixe só

Deixe doer

Deixe maltratar

Acontecer

E findar

E cessar

E morrer...

Morte

Não me aflige, não

Não a quero

Mas que medo é esse

Que te altera

Que te supera

Que desespera

Distante estás

Ou muito perto

Talvez perto demais...

Tente.

Incessantemente tente

Que é dor, é morte

É prazer, talvez

É luxúria, é escolha

É o que?

É... Amor?

Oh, palavra proibida

Amor é visão transformada

É transtorno?

É o irreconhecível.

Vi-te mudar por amor

E sem amor permaneceu

E te deixou o ser amado, pois mudou

E te esqueceu

E mudaste por ódio

E se arrependeu

Oh, não mudes não

Nem por ódio ou por amor

Ou por você

Ou por mim

Não mude nunca.

Mudança é por si só

E solitária e cruel

Ela se basta

E nós não nos bastamos

E a invejamos

E mudamos

Para assim como a mudança

Adquirirmos a permissão

De sermos solitários

E gostarmos disso.

Ah, esqueças

Teorias de amor nunca bastam

E cansam

E matam

Descansam

Esquecem

E nós permanecemos

Vendados numa paixão

Que quer apenas

Perder a razão

E esquecer.