Enxergo...
Sempre tolhendo-me
Olhos, ouvidos, boca
Vigia-me
Cada passo, em falso ou não
Cobrados
Acorrentando-me a alma
Provocando risos de tensão
De olhos baixos eu sigo
E canso de não poder ver
Só olho o que me permites
Só ouço o que te convens
Falo, mas o que digo não te serve
E quando ouso gritar
Amordaça-me
Prisioneira de meu silencio
De teu ciume
De minha omissão
Me parecia confortavel
Mas hoje sei que não
Ergo a cabeça
Abro os olhos
Aguço os ouvidos
E já sinto diferentes paladares
Foi amargo, salgado, travoso
Hoje, é doce
E como se o céu se abrisse acima de minha cabeça
Começo a ver outros horizontes
Alço novos voos
Mas meu medo é cair
Apararia-me, se contigo estivesse?
Hoje, sei que não
Contigo, seria sempre rasteira
De barriga no chão
Como à pagar dividas suas
Pecados cometidos por ti
Falhas na ignorancia
Na inocencia
Na tentativa de acerto
Rastejar-me já não me satisfaz
Quero ser como o passaro
Voar, mas voltar
Voar longe
Voar alto
Voar segura de que
Não estará aí embaixo
No mesmo lugar de sempre
Parado
A me espreitar
Pronto para com seu estilingue
Mais uma vez me derrubar