Anjo ou demônio

Zanna Santos

Ansiado dia em que meu corpo em ardor,

Qual a harpa nas mãos daquele que a toca,

Embale suaves gemidos na mais ardente melodia

Ressonância musical em ritmo do amor.

Arda minha pele a espargir meu cheiro,

Nas tuas narinas despertando o sabor,

E na cegueira entorpecente do desejo,

Lhe serei calmaria, tempestade e tormento.

Sou paz dos teus sonhos, razão dos teus pesadelos,

Rosto de anjo, malicia de demônio;

Adocicado, porem, amargo gosto da maça,

Nas minhas entranhas desvendarás meus segredos,

Desnudando-me numa liberdade prisioneira,

Sararei tua dor, abrirei tua ferida,

Perdido pra sempre em meu canto de sereia.

No sal do teu suor conservarei minha carne,

Vivificada com as digitais salientes de suas mãos,

E marcada com brasas gritarei teu nome,

Selando nosso pacto lúdico de amor e ódio.