História ascorosa de um Perfume entorpecente
Agora dormir não consigo,
Estou sentado diante do computador
Com uma vontade de escrever, voltado
Para uma composição que me parece causar dor.
Assisti a um conjunto de sentidos visuais
Com som e uma história,
De Patrick Süskind, simplória
Quanto ao tratamento dado à memória de um animal.
O Perfume é uma obra prima,
Um terror aromático,
Cheio de poesia medonha, e a rima
Está no odor que nos faz sentir asco!
Comecei sentado para estudar
A perceber que já perdera o sábado
E que poderia deixar,
Com perfume, que o tempo me passasse relaxado.
Vi o odor fétido de um parto indesejado
Por uma mãe afastada da criatura pela morte.
As notas da música odorífica
Que se seguiram em tom dosado
Foram de uma tristeza de vida sem sorte
De um garoto de uma sensibilidade olfativa magnífica.
No meio de tanta podridão perfumada,
Um nariz filosófico à procura de cada
Um dos cheiros do mundo
Que ele explorava e na alma reservava-lhes um lugar fundo.
Da sua feiúra e vida miserável somada ao seu inigualável
Olfato e dom perfumista, produziu a essência feminina por mal.
Grenouille matou muitas belas de Grasse
Para extrair-lhes a alma
Que sentia estar no odor, tornando-se
Temido e odiado ali, onde a mais bela morava.
Era a essência final,
Uma nota brutal.
E pronto para ser crucificado
E ter seus membros e articulações esmagados,
Soltou uma gota invisível
Que parecia conter o amor,
A beleza de sentir odor
Transportada para a sensação sexual.
Dominados pelo perfumista assassino,
De olfato anormal e ambição monstruosa,
Podia dominar o mundo sozinho,
Mas não foi para isso suas atitudes indecorosas.
Sumiu mais uma vez, deixando o público entorpecido,
Que despertou mais tarde e esqueceu o ocorrido.
Um inocente culpado,
Torturado,
Réu confesso,
Foi enforcado em praça pública indefeso.
Grenouille descobriu
Que não podia amar nem ser amado
E aquele amor perfumado e ascoroso que ele havia criado
Serviu para que as pessoas o devorassem onde ele nasceu.