VÃO DIZER;-- EIS AI MAIS UM LOUCO
VÃO DIZER QUE SOU LOUCO
Se amanhã eu suicidar-me
Não por eu ser poeta,
Porque na verdade
Eu não serei, sou poeta de amanhã,
Mas mesmo se eu
Suicidar-me às cinco da manhã,
Iriam dizer;
--Você viu?
--O que?
--Acharam o corpo daquele cara
que vivia fazendo bicos de pedreiro por ai
e tomando suco de tarja black..
Mas guarde bem isso
é por que o sol hoje
não saiu.
Se não penso
não falo,
se não escrevo
me mato.
Aquele que tem pudor de não gritar,
vive no purgatório dos seus gemidos
não falo,
se não escrevo
me mato.
Quem que tem pudor de enlouquecer?
Talvez viva no purgatório das suas palavras
Se faço
me esfolo,
se grito
peço uma flor no fundo do abismo,
a loucura do meu eu
que ninguém a de compreender,
de olhar e ninguém me tocará,
se os trapos que cobrem o corpo é a pele rasgada
e o pelo que tampa a cara
para todos é minha mascara,
quem acordarei
quem dorme junto de mim sob a marquise?
Apenas o fogo, de um corpo que dança de dor.
Perdi-me entre os "alcalipdos"
De um concreto armado, me cercaram.
Procuro uma mão estendida ou tombada,
mas que me leve ao lugar verde,
aonde o granizo dos meus olhos
quebram ao tocar o asfalto caído,
quebradas estão minhas lagrimas.
Por onde andam os homens?
Vejo uma roda gigante e todos
estão a girar no carrossel
com alguns charutos aceso
em cada boca, meu DEUS
quantas bocas!
Mas infinas crianças grávidas
com relatórios nas mãozinhas
há procura dos terráqueos.
Respingos de sangue
mancha as pétalas do girassol
de meu jardim coalhado.
A vergonha salgada de sua nudez
não deixa que meus dedos a toque.
Meu riso sem graça
vai quebrando galhos
De uma arvore torta,
não sou verde
nem as tintas das rosas
há de corar meu rosto fosco e ai
vão dizer;eis ai mais um louco.