Segredos

 

Embebedado de loucura

Cantava sob a luz de velas

Com fascinante ternura

Para as meigas donzelas

 

Carregando pesada cruz

Passava  longas madrugadas

Na antiga estação da Luz

Sumindo nas alvoradas

 

Indagavam: quem é este trovador

De barba cerrada e olhar tristonho

Exteriorizando nos versos intensa  dor?

Quem maculou sua vida, seu sonho?

 

Um poeta em andrajos, mendigo

Um decadente senhor, aristocrata

Sem o calor do abraço de um amigo

Iluminado e só pelo luar de prata?

 

A bruma da madrugada derramou

Uma cortina esfumaçada pelo céu

Aquele pobre homem jamais voltou

Perdido no tempo, insano, ao léu...