lua sangrenta
A lua sangra pela noite escura
A noite escura sangra pela lua
Sob o silêncio da noite
O eclipse faz sombra
Soturna
Sobre corpos humanos
Sobre dores humanas
Sobre a paixão
de ser apaixonado
apenas.
Sangra lua de São Jorge
Pelos mil dragões mortos
Pelos moinhos incendiados
Pelos Quixotes montados a cavalo
O trotar dos tempos repicam
Pela estrada
Sangra lua bastarda
Nessa noite, as horas em conluio
Banharão a eternidade
E lhe dirá talvez a verdade
Num tom de mistério chaveado
Sangra lua vermelha,
Que é rubra,
É intensa,
É vasta e nua
Despida dos predicado dos homens,
Emudecida pelos fonemas dos homens
Uivos acompanham a sua trajetória
A reunir matilhas,
A dizimar raposas
A entregar secretamente
Todos os dias
Mistérios desvendados
Almas decifradas
Nesse deserto de emoções.