UTOPIA

 

Essa chuva que não pára

A distância que separa

Angustia o meu peito.

Queria a manhã clara

Que fosse a minha cara

E tivesse o meu jeito...

 

A paixão que me domina

Essa dor que alucina

E mostra um sonho desfeito.

Quem sabe a triste sina

É o que a vida ensina,

Provocando esse efeito...

 

Um sentimento amputado

De um querer dilacerado

Que não é por mim aceito.

O segredo desvendado

De um sonho bem guardado,

Absurdo, contrafeito...

 

Acaso a minha ventura

Sejam dias de amargura

Que me toma e enlouquece.

Embarco nessa loucura

Sem que eu conheça a cura

Para o mal que me acontece!

 

Ah! Quem dera, eu pudesse,

Saborear essa messe,

De ser-te amada, amante.

E se o vínculo refece

Destruí-lo, eu soubesse,

P’ra ser feliz um instante!

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