MEUS FANTASMAS

Quando a tarde fugiu dos meus caminhos

E a noite estendeu-me um tapete negro e feio;

Eu era como pássaros a pender dos ninhos

E nada e ninguém em meu socorro veio !

São muitos os fantasmas que moram em mim

E que esperam flores para os seus enterros;

E mesmo sendo a estrada negra, eu vim

Em busca de mortalhas para os meus erros;

Eles me seguem: esqueléticos e brancos,

Tateando, nus, uma esperança morta;

A me suplicar com sorrisos francos

Que meu ego lhes abra alguma porta.

Meus fantasmas não percebem que sou a cova

Destinada a aprisioná-los para sempre

E nem ao raio brilhante de uma lua nova

Será permitido que nesta cova entre.

E então para sempre estaremos seguros,

Livres da ardência do Sol sangrento;

Abandonados nos ermos obscuros,

Onde seguiremos escuridões adentro !