Paralelos e Farsas

Minha sombria astúcia

Minha evidente ignorância

Este tanto que de mim desconheço

Todas as verdades escondo com medo

Passar horas a lembrar de mim

Esquecendo quem sou, quem fui, onde estou

Em tantas passarelas, semelhanças

Todas estas diferentes constâncias

Ridicularizo aquilo que mais me assombra

Desminto aquilo que à mim é inviável

Apoio o que menos me confronta

Luto pelo infortúnio mais favorável

A luta eterna pela sobrevivência

Suplanta a minha frágil coerência

Apaga meu brilho mais verdadeiro

Esconde derrotas e erros grosseiros

O meu personagem, esconde meus anseios

Toma parte de mim e de meus medos

E se torna algo à mais e sem freio

Além de mim mesmo, meus arremedos

Paralelos e farsas, dúvidas e verdades

Eu não me encontro eu não me acho

Quem sou eu nesta dúbia realidade?

Eu já não sei se sou eu que me faço

Já não sei se sou o ar que respiro

Ou o pulmão que dele precisa tanto

Se sou o sangue que corre em minhas veias

Ou o coração que sobrevive em prantos