...LIBERDADE

Eu queria rasgar a realidade,
Com a lâmina mais cortante,
Aprofundar na insanidade,
Ser completamente errante.

Eu queria embarcar,
Numa carruagem de fogo possante,
Sair de mim – e conectar,
Com uma aventura alucinante.

Eu queria de repente, ser atrevido, filosofar,
Cara a cara com Immanuel Kant,
Sobre a razão questionar,
Sem atropelar as consoantes.

Eu queria revolucionar,
Esse mundo inconstante,
Desafiar os medos, incendiar,
Qualquer coisa que tenha cheiro angustiante.

Eu queria (mesmo desafinado) cantar,
A terna canção dos amantes,
Abrir os braços – gritar,
Que te amo a cada instante.

Eu queria tanto! Me libertar,
Desses seres dominantes,
Dessa mesmice sem par,
Que não me deixa ser eu o bastante.

Queria sim; radicalizar,
Mas, tudo continua como antes,
Quem sabe amanhã eu possa acordar,
Me sentindo menos insignificante?