Visões proféticas de um garoto do sertão
Att: Não fiz nehuma alteração no texto, apenas registrei em gravador e
coloquei aqui


" Imbuzeiro pendente, limoeiro virado"


Vi Sóis lançando cinzas, nuvens em combustão;
Diamantes adornados em sangue, cálices de fogo,

Tremores, furacões arrastando cidades, corpos ao léu, arranha-céus despedaçando-se, vitrines desprendendo, retratos planando, escapulários soltando-se de pescoços, clarões, muros de arrimos arrebentando-se, ondas gigantes carregando a margem, motosserras derrubando árvores milenares, céus se esvaindo, ódios explodindo;
Eu via, mas não queria ver;
Bestas-feras lançando fogo, eu vi, me calei, seco atônito, fingia que não via mais via, mais que via, continentes se separando, mísseis balísticos explodindo artefatos atômicos, corpos evaporando-se, a sombra se instalando, eu vi e nunca quis dizer, com meus olhos que um dia a terra há de comer,
Vi corações de aço, lágrimas de lava, punho de ferro, via tudo, sentia, desesperava-me, com olhos de quem não queria ver, mas via,
A fratura exposta, o verbo cindido, a energia, a entropia, o cranco, o crânio exposto, a ferida, a carne viva, 

Demônios esvoaçando, anjos  lançando flecha em arcos de fogo, peles em brasa,  epidermes expostas, ratos saindo de ocas, cabras na imolação, eu vi, relicários, velas acesas, demônios se apossando de corpos, vi santos, serafins,   vi,   por  mais que via,  não queria ver;
E me acabava me estrebuchava me mijava,  me contorcia,
via e não queria ver,  via, e não tinha como não vê,

 Sentia mais que sentia eu via! E não queria ver;
 

 

Jânio e o vaqueiro do Sertão
Enviado por Labareda em 29/01/2008
Reeditado em 21/02/2017
Código do texto: T837175
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