Taxidermia

A princípio

Pedi que me deixassem em paz

Um canto qualquer que pudesse chorar ,

Pedido em vão

Não se escuta a voz chorosa

E a dor que não se sente

Revesti a alma emocionada

De um concreto frígido ,

A raiva frigia e não exauria

Pois era um cálculo de homem

Aboli as utopias

E as coisas que se fazem desejosas de credo.

Cria...

As troquei pelo realógico

Que não pára o relógio

Seu ponteiro metódico ,

Humanitóxico

Resolvi essa luta e mais valia

Laminarmonia que entristecia

E seria novamente o homem fraco

Que se submete a emoção

Não desta vez , não seria

É hora do fim

Se deleitar na hipocrisia

Assumir a lágrima que ascende ,

Autenticar-se como gente

Céus , mas a gota lacrimal insistia

Ainda escorria

Então usei minhas mãos

E a pele da face estiquei

A taxidermia me salvou.

Ritual
Enviado por Ritual em 25/01/2008
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