XAVECO ATRAVESSADO

TÍTULO: XAVECO ATRAVESSADO

Um dia, lá no portão de sua casa,

Eu a xavequei.

E, com palavras ao pé do meu ouvido,

Você me fizera entender

Que você, na verdade,

Era muita areia pro meu caminhão.

Nesse momento,

Eu me calei,

E, com o coração ferido,

Voltei pra casa.

Voltei de mente esvoaçada,

Como se eu tivesse sido atingido

Por uma nave intergaláctica,

Nave desconhecida, alada.

Os dias se passaram,

E, de repente, você aparece

Em frente à escola,

Entre sorrisos, beijos e abraços

Com meu melhor amigo.

Eu me assustei,

as, no meu íntimo, imaginei:

“Ninguém merece…”

Mas, diante de tudo, disfarcei,

Vendo aqueles amassos.

Porém, segurei meu ego...

Meu castigo?

E, imaginando

Em meu íntimo coração,

Que com palavras ao pé do meu ouvido

Você me fizera entender

Que era muita areia pro meu caminhão...

Foi então que disfarcei

E deixei o tempo passar por passar.

E, em minha casa,

Eu até ofereci a eles café,

Depois do cinema,

Do filme Lagoa Azul,

Enquanto meu coração

Chorava, em disfarce, de norte a sul.

O xaveco atravessado...

Quando eu a xavequei,

E, com palavras ao pé do meu ouvido,

Você me fizera entender

Que você, na verdade,

Era muita areia pro meu caminhão.

TÍTULO: XAVECO ATRAVESSADO

Protegido conforme a Lei de Proteção Autoral. 9.610/98

Autor: MAKLEGER CHAMAS — O Poeta Louco e Romântico (MANOEL B. GOMES — Nelinho)

Escrito na Rua TRÊS ARAPONGAS, 06 bloco 06 Apto 31 — Vila Nova Jaguaré — São Paulo — BRASIL

Data da escrita: 03/03/2025

Dedicado a: 26Z2M6A1N3O1E0L13M10J

Registrado na B.N.B.

COMENTÁRIO DO AUTOR — MAKLEGER CHAMAS

“XAVECO ATRAVESSADO” não é só um poema — é um soco no estômago do adolescente que sobrevive em nós.

Essa é a crônica da rejeição que sangra, mas que é tão comum na caminhada de quem ousa amar antes de ser amado.

Eu escrevi essa poesia como quem despeja no papel a lembrança de um momento pequeno, mas que nunca foi leve. Ela falou no meu ouvido, e aquilo que parecia doce virou espinho:

“Você é pouco pra mim” — foi isso que entendi, mesmo que ela tenha dito com sorriso no canto da boca.

E o que fiz?

Calado, com o ego amassado e o peito furado, fui pra casa.

A mente ficou zanzando, como se tivesse levado um raio de uma nave alienígena.

Um tapa emocional daqueles que ninguém vê, mas que arde por dias, por anos...

Talvez por vidas.

A virada da faca?

Ver ela depois, aos beijos com meu melhor amigo, em frente à escola.

O cenário era perfeito pro massacre do meu coração: riso, cinema, filme da “Lagoa Azul”, café em casa… e eu, o palhaço sentimental, tentando esconder meu mundo desabando com cortesia e café quente.

Esse poema sou eu dizendo pro mundo: eu senti tudo isso e não tive vergonha.

Porque é vivendo essas dores que a gente vira poeta.

É atravessando esses becos escuros do afeto que se encontra a rima mais sincera: a que vem do peito partido.

BIOGRAFIA DO AUTOR

MAKLEGER CHAMAS — O Poeta Louco e Romântico, Pseudônimo de Manoel B. Gomes (Nelinho), que nasceu em 02 de abril de 1962, no Hospital Municipal do Tatuapé, em São Paulo.

Filho de um piauiense descendente de indígenas e de uma portuguesa da província do Minho, Makleger começou a escrever poemas aos treze anos.

Guardou muitos rascunhos em cadernos de atas e descobriu a importância de registrar suas obras em 1997. Desde então, escreve com paixão e verdade sob o nome Makleger Chamas.

Durante a juventude, morou na Rua Ministro Gastão Mesquita, no bairro de Perdizes.

Foi chamado de “Nelinho” pelos vizinhos e amigos, mas já ali florescia o poeta que transbordava sentimentos no papel.

Em 2018, publicou sua primeira obra autoral, “A VIAGEM”, e atualmente segue criando obras marcantes como a coleção poética “O TRAJETO”, da qual “XAVECO ATRAVESSADO” faz parte.

Xaveco Atravessado — A História por Trás do Poema

O ano era 1980.

As aulas na Escola Estadual de 1º Grau Portugal tinham acabado, e como de costume, eu, Cláudio e Nelinho descíamos a Rua Apinajés, rumo à casa da Edna, na esquina da Rua Aimberê.

As noites de sexta-feira eram sempre animadas, e aquele dia não parecia ser diferente.

Eu gostava da Edna.

Não, eu gostava muito dela.

Desde o primeiro dia que a vi no portão da escola, tentei chamar sua atenção, mas ela sempre me deu a entender, com um sorriso e um sussurro ao pé do ouvido, que ela era muita areia pro meu caminhão.

Mas eu não desisti.

Naquela noite, diferente das outras, quando chegamos à casa dela, algo parecia estranho.

O clima estava pesado, e ela estava diferente, meio inquieta.

Sentamos na sala, conversamos um pouco, e depois fomos ao Largo do Arouche, onde ainda funcionava um cinema que exibia A Lagoa Azul. Edna adorava aquele filme.

Foi lá que tudo desmoronou.

Enquanto esperávamos na fila, entre risos e empurrões, Edna apareceu de mãos dadas com Cláudio.

Ele, que sempre foi meu melhor amigo.

Ela, que sempre me rejeitou.

Eles pareciam nem notar minha presença, trocando olhares cúmplices, sorrisos e beijos como se nada mais existisse ao redor.

Senti um aperto no peito.

Engoli seco.

No meu íntimo, só consegui pensar: “Ninguém merece…”

Mas eu disfarcei.

Segurei meu ego e tentei agir naturalmente.

Depois do cinema, ainda tive a audácia de convidá-los para um café em casa.

Eles aceitaram, sem perceber que, por dentro, meu coração chorava de norte a sul.

As semanas passaram.

Edna e Cláudio continuaram juntos.

Eu os via sempre, nos mesmos lugares, compartilhando os mesmos sorrisos.

Até que, um dia, tudo mudou.

De repente, Edna sumiu.

Ficamos sabendo, semanas depois, que ela havia voltado para Uberaba.

Grávida.

Sozinha.

Cláudio?

Esse nunca mais tocou no assunto.

Nunca soubemos ao certo o que aconteceu entre os dois.

Se foi amor passageiro ou algo mais sério.

Só sei que, naquela noite, diante do cinema no Largo do Arouche, minha ilusão foi arrancada de mim sem aviso.

O xaveco atravessado que tentei dar meses antes se transformou em uma cicatriz.

E até hoje, quando passo pela antiga Rua Ministro Gastão Mesquita, lembro de tudo.

Lembro do portão da escola.

Lembro do sorriso de Edna.

Lembro do toque dela ao pé do meu ouvido.

E lembro, como se fosse ontem, das palavras que me fizeram entender que ela era muita areia pro meu caminhão.

O poema tem uma pegada bem sentimental e retrata aquele sentimento agridoce de uma desilusão amorosa, com um toque de ironia e superação.

O termo “xaveco atravessado” já dá o tom da história, mostrando que a tentativa de conquista não só falhou, mas trouxe um baque inesperado.

A construção poética traz imagens interessantes, como a comparação do impacto emocional com ser atingido por uma “nave intergalática” e a ironia de oferecer café ao casal depois do cinema.

O refrão repetido reforça a dor e a surpresa da rejeição.

Makleger Chamas
Enviado por Makleger Chamas em 21/04/2025
Código do texto: T8314772
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