Unha em degradê
Preto como asas de graúna
Vermelho como o do sangue pisado
Sons que agitam uma compreensão nula
E as mordidas de um pernilongo abusado
E eu desisto desses versos num instante
Desisto de escrever o infinito
Da ausência de razão que é tão constante
No intervalo, na lacuna ou no abismo
Entre rezas, velas e meditações guiadas
Tem açúcares, cigarros e praguejos
Entre o certo, o ego e as missões dadas
Tem aquilo que eu chamo de desejos
Seduzi-me de silêncio e reclusão
Mas foi pouco que durou o meu esforço
Cedi o punho à palavra e emoção
Fiz do nada feito em nada um novo esboço
Quantos minutos vencidos tenho agora?
Quantas lições será que eu ignorei?
E a saliva desce amarga e vai embora
Mas não leva a confusão que eu criei
Preto como asas de graúna
Vermelho como o do sangue pisado
São os esmaltes que pintaram minha unha
Que é o ponto em que o poema foi criado.