A Tempestade e o Chamado do Abismo

Ao longe, no horizonte,

o céu escurecia.

Os moradores se recolhiam,

trêmulos em suas casas.

O mar, agitado, era um deus furioso,

que bramia violentamente

contra as pedras,

enquanto trovões ecoavam

como canções antigas de

antigos guerreiros

a cruzarem o oceano.

Sobre os oceanos, ao longe,

navios se perdiam

nas danças das ondas,

suas velas rasgadas pela fúria de um

vento, violento e impiedoso.

E o homem, perdido e em silêncio,

rendia-se aos gritos que só

a morte era capaz de proferir

e de ouvir.

No alto, as nuvens se contorciam

em meio à fúria dos céus.

Pareciam rostos disformes emergindo,

de forma sombria, iguais aos reflexos

de uma entidade em fúria.

Como um espelho partido, o céu se quebrava,

revelando a queda dos céus,

enquanto o sol, moribundo, se apagava

no véu da tormenta.

E o náufrago, com olhos da loucura,

ouvia os sussurros da morte.

Suas mãos invisíveis e frias o puxavam,

guiando-o ao chamado do abismo,

onde vozes murmuravam segredos

e em sua alma apenas a escuridão habitava.

A tempestade rugia, um tigre em fúria.

O céu era um mar revolto,

e tudo o que restava era um imenso tremor.

Sob a fúria dos céus em colapso,

em casa, moradores rezavam,

como se o próprio firmamento estivesse a cair.

A tempestade e o mar tornavam-se um só,

enquanto gritos do além ecoavam

do abismo insondável,

onde aqueles que caíam

jamais retornariam ao seu lar.