Poeta sem Ritmo

Escrevo à toa, sem métrica, sem lei,

um cigarro apagado, um vinho sem rolha,

na boca um poema que nunca terminei,

na mente a ressaca da última escolha.

O amor me chama, eu troco de bar,

a saudade insiste, eu finjo que passa,

na esquina da vida, sem pressa de andar,

me embriago de versos, tropeço na praça.

Se rimo, é sem querer, se sinto, exagero,

sou um tango mal dançado, um blues desafinado,

sou poeta sem ritmo, mas juro, não erro:

o que eu não escrevo, deixo sussurrado.