UM BILHÃO DE ELEMENTOS

Cravo um dardo podre em meu pensamento

Fujo-me inteiro, de pijama, a me questionar

Processando um bilhão de elementos

Nem meia conclusão consigo tirar

Passo apertado pelo corpo inerte

Que espera um golpe de sorte

Neste dia que vai começar

Grito como um louco pelo simples gosto

De soltar um pouco do desgosto

Que as ruas vão me ofertar

Então eu coro, rio e choro

Da reação estranha que foi me pegar

Entro no chuveiro e tremo inteiro

Só pelo receio de me agüentar

Coloco a camisa e a gravata caricata

Que devassa toda massa do meu globo ocular

Empurro um terno novo pelo corpo estorvo

E saio como um corvo atrás dessa carniça

Que a vida insiste em deixar

No elevador, olho-me no espelho

Rapidamente penso em voltar

Coloco uns óculos vermelhos

Arrumo o cabelo, e já vou trabalhar...

Gê Muniz
Enviado por Gê Muniz em 19/01/2008
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