UM BILHÃO DE ELEMENTOS
Cravo um dardo podre em meu pensamento
Fujo-me inteiro, de pijama, a me questionar
Processando um bilhão de elementos
Nem meia conclusão consigo tirar
Passo apertado pelo corpo inerte
Que espera um golpe de sorte
Neste dia que vai começar
Grito como um louco pelo simples gosto
De soltar um pouco do desgosto
Que as ruas vão me ofertar
Então eu coro, rio e choro
Da reação estranha que foi me pegar
Entro no chuveiro e tremo inteiro
Só pelo receio de me agüentar
Coloco a camisa e a gravata caricata
Que devassa toda massa do meu globo ocular
Empurro um terno novo pelo corpo estorvo
E saio como um corvo atrás dessa carniça
Que a vida insiste em deixar
No elevador, olho-me no espelho
Rapidamente penso em voltar
Coloco uns óculos vermelhos
Arrumo o cabelo, e já vou trabalhar...