Pensamentos sem bordas
Penso o que não devia, mas devo pensar só por pensar.
Respiro cada palavra não dita, não escrita.
Permaneço sem lugar e me movo sempre para fora de mim.
Escuto toda palavra não dita e escrevo sem signos o que penso.
Não sei de onde vim, não fico onde vou, mas permaneço.
Digo por dizer e me canso de ouvir um som sem ondas.
Repito sem cessar o que nunca foi dito e me calo no calor da tarde.
Crença e descrença, perdão e mágoa, vida severina.
Preguiça e mais preguiça faz um canto que escorre devagar.
Bicho que lambe a ferida alheia. Festa fúnebre e desdita.
Ontem a lua, hoje o luar. Amanhã o que será?
Sei de coisas que nunca aprendi. Muitas coisas e mais nada.
João Batista Valverde
13/01/2025