Pensamentos sem bordas

Penso o que não devia, mas devo pensar só por pensar.

Respiro cada palavra não dita, não escrita.

Permaneço sem lugar e me movo sempre para fora de mim.

Escuto toda palavra não dita e escrevo sem signos o que penso.

Não sei de onde vim, não fico onde vou, mas permaneço.

Digo por dizer e me canso de ouvir um som sem ondas.

Repito sem cessar o que nunca foi dito e me calo no calor da tarde.

Crença e descrença, perdão e mágoa, vida severina.

Preguiça e mais preguiça faz um canto que escorre devagar.

Bicho que lambe a ferida alheia. Festa fúnebre e desdita.

Ontem a lua, hoje o luar. Amanhã o que será?

Sei de coisas que nunca aprendi. Muitas coisas e mais nada.

João Batista Valverde

13/01/2025

João Batista Valverde
Enviado por João Batista Valverde em 15/01/2025
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