liberdade

eu destruirei este templo

munido com a imensidão raivosa

dos injustiçados

derrubarei seus pilares com meus

próprios punhos

trabalharei sem parar

por quanto tempo for necessário

para que toda a memória deste lugar

amaldiçoado

desapareça sem que deixe para trás

nem um resquício em poeira

de sua presença ofensiva e indesejada

de sua arquitetura não haverá memória

de sua construção a planta será queimada

e as cinzas jogadas no mais profundo dos mares

lá vigiadas por anjos malditos de faces inexistentes

armados de espadas enferrujadas

prontos para cortar e dilacerar qualquer um

que ousar chegar perto da maldição

a que guardar foram atribuídos

o vermelho da insanidade banhará meus olhos

e o sangue que verterá de meus golpes

o mundo ouvirá, mas não compreenderá

continuarão suas caminhadas estúpidas sem saber

da salvação que lhes forneço

mas não se engane

não faço por eles

não faço por você

faço pro mim

pois o criador deste lugar me atribuiu

com o tormento de cuidar deste antro de aflições

invisível e ainda assim incômodo

decadente como o beijo da traição

silencioso como o veneno da mentira

permanece de pé por misericórdia

minha e somente minha

mas, finalmente aqui estou

meus punhos estão fechados

e logo a justa destruição do pecado

de toda esta insanidade

terá início

não haverá plateia

não haverá espetáculo

não haverá funeral

tudo ruirá e no final sobrará apenas

o sorriso desvanecido

do idiota que se achou rei

encarando seu próprio túmulo