A Liberdade dos Loucos
Os loucos dizem que a moral da história
É dos normais o espelho quebrado,
Que caminham em fila, buscando a glória,
Sem notar que o vazio é o seu legado.
Chamam-nos loucos, os de alma cinzenta,
Que seguem padrões como bois ao pastar.
Mas não vêem, na calma que os apascenta,
A tormenta oculta que os faz naufragar.
Loucos são eles, que vivem a vida
Com medo da cor, do caos, do desvio.
Amarram seus passos à estrada comprida,
E negam ao peito seu grito mais bravio.
Nós, que dançamos com ventos e estrelas,
Rasgamos do tempo o véu aparente.
Eles temem a chuva; nós vamos bebê-la,
Pois na água se encontra o que é transcendente.
Normais, dizem eles, em sua prisão,
Mas quem, afinal, define a verdade?
Se no mundo há sentido, é na contramão,
Não no espelho da falsa igualdade.
Loucos? Que sejam! Pois a liberdade
Não cabe no molde que a mente consome.
Somos nós os que vivem em plena verdade;
Normais são os mortos que ainda têm nome.