Os Loucos
Os loucos dizem que a moral da história
Ecoa distorcida na mente dos sãos,
Que erguem palácios em solo de glória
Enquanto semeiam ruínas com as mãos.
Que loucura é essa que veste gravata,
Que marcha em fileiras sem saber por quê?
São eles que vivem na trama ingrata
De um mundo em que o nada se faz poder.
Olhem ao redor! Quem dita os juízos?
Quem risca o limite entre o certo e o vão?
São sãos que se perdem em falsos feitiços,
São loucos que seguem a voz da razão.
Eu, louco, não danço na valsa do medo,
Nem busco sentido onde só há prisão.
Meu riso é o eco do céu sem segredo,
Meu norte é o caos, minha lei: intuição.
Os normais têm olhos, mas nada enxergam,
Carregam correntes que chamam de lar.
E enquanto no poço da vida se enterram,
Chamam de loucura o ato de voar.
A razão constrói suas torres sem alma,
Seus deuses de pedra, seus dogmas de ferro.
Eu, louco, que danço na luz que me acalma,
Enxergo no abismo um abraço sincero.
Por isso vos digo, com riso rasgado:
O mundo dos sãos é que vive ao avesso.
E eu, na loucura, sou livre e alado,
Enquanto os normais se perdem em preço.