medo
subo as escadas, fecho a porta e não por muito tempo preciso esperar
vindo de algum lugar mais profundo que o poço dos infernos
o desespero logo se aproxima para me abraçar
não tenho paz ou tranquilidade em meu próprio lar
não é necessário algum bandido para me ferir ou assassinar
toda noite morro para meus próprios pensamentos
as armas mais letais, meus próprios pensamentos
a dor mais aguda, minha própria inaptidão diante da desolação deixada
pelo silêncio que aqui me rodeia
não existe saída, minha cela é meu próprio corpo
enquanto nada lá fora pode me atingir, aqui sou alvejado
incessantemente por minhas próprias palavras afiadas
não posso me deitar, o furacão põe o barco a balançar
não há porto ou farol à vista
engolido pela escuridão de minha própria paz
temo desaparecer completamente deixando apenas
arrependimento para trás
nunca queira compreender o que digo, peregrino
nunca queira passar comigo por estes períodos
perigosos e ardilosos
aqui comigo estão apenas corpos há muito pensados
esquecidos
zelo por um cemitério indesejado e cheio de armadilhas
aqui permanecerei
sozinho e sufocado
ferrenho na defesa de meu posto
pois a oportunidade de escolha partiu
há muito tempo
deixe-me
largado aos demônios
cercado por pesadelos
e tremendo de medo
do que minha elogiada imaginação
elabora sorrindo e debochando
de minha estupidez silenciosa
e minha hesitação diante daquilo
que nunca acontecerá