A escultura
As folhas secas mortas caem
Lágrimas de um bebê aprisionado em uma placenta. Sangue, com o seu pequeno pescoço envolto no cordão umbilical, o sufocando, como um prisioneiro numa forca. " O bebê sempre estará mais seguro na placenta" . Com uma falsa sensação de segurança, acorrentado, encapsulado em seu invólucro mortal, sem ar, sem vida, aprisionado pelo medo.
Nascer e renascer envolve sangue, dor, e às vezes lágrimas.
" se nascer envolve tanto sofrimento, para que sofrer, ser expurgo de dentro do conforto e ser lancado para o inferno de dor e desgraça".
Pelas lentes de um olhar assustado, uma visão cega de medo, o bebê pode se tornar um ser gelado, com a pele machucada e o coração desfigurado.
A criança não nascida, uma célula embrionária, com uma trava, uma coleira envolta em seu pascoço, a sufocando, impedindo o fluxo de oxigênio natural.
Um choro interrompido, ao som das sirenes de Kiev, fugindo de um bombardeio de emoções dolorosas, de um verdadeiro massacre emocional
O afeto que assusta, o contato que afasta, um ser belo e dividido, fragmentado em suas lindas partes que ainda não se encontram.
Fugindo so som das sirenes mentais do pânico, uma batalha interna, que ainda inferioriza um ser gigante.
Uma bela escultura viva e paralisada, aprisionada em seu calabouço escuro, cercada de grades enferrujadas. Uma figura sombria, no canto do quarto observa tudo em silêncio. Uma fantasia, sua sala, carne, corpos, silêncio.
Delícias noturnas, sonhos eróticos e na escuridão atos silenciosos, ao som de um orquestra sombria, uma sinfonia macabra, ou apenas a Tchaikovsky?
O velho bode negro observa, sensualidade no aroma , no gosto da saliva.