Rascunhos de um Ciclo
Em noites sem rosto, com ventos que riscam o tempo,
subo ladeira desgastadas, calado em contratempos.
Procuro a razão, mas é só ilusão no meu peito,
se perco os sapatos, quem sabe, o chão fica estreito?
O relógio não marca as horas que vão desenhadas,
como notas de samba nas linhas das madrugadas.
Vejo sombras de mim dançando na rua sem véu,
no instante em que o céu ri, vestindo o claro do breu.
Ah, loucura que tenho, de voar com a bicicleta,
me afogo no vento e ainda invento ser atleta.
Por amor, faço ponte de pétalas na contramão,
e se as flores não brotam, eu planto o sonho em vão.
Doçura que eu tenho, misturo com pingo de mel,
é melão no abismo e no casco do carrossel.
Sou um pouco de tudo, mas fujo sem me encontrar,
na procura que invento, ao meu jeito de me buscar.