Rascunhos de um Ciclo

Em noites sem rosto, com ventos que riscam o tempo,

subo ladeira desgastadas, calado em contratempos.

Procuro a razão, mas é só ilusão no meu peito,

se perco os sapatos, quem sabe, o chão fica estreito?

 

O relógio não marca as horas que vão desenhadas,

como notas de samba nas linhas das madrugadas.

Vejo sombras de mim dançando na rua sem véu,

no instante em que o céu ri, vestindo o claro do breu.

 

Ah, loucura que tenho, de voar com a bicicleta,

me afogo no vento e ainda invento ser atleta.

Por amor, faço ponte de pétalas na contramão,

e se as flores não brotam, eu planto o sonho em vão.

 

Doçura que eu tenho, misturo com pingo de mel,

é melão no abismo e no casco do carrossel.

Sou um pouco de tudo, mas fujo sem me encontrar,

na procura que invento, ao meu jeito de me buscar.

Ferrachi Abdtzen
Enviado por Ferrachi Abdtzen em 01/11/2024
Código do texto: T8187188
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