vilão

eu percebo

ainda que tenha problemas em aceitar

o ódio é o que amo

tudo o que vejo

é tudo o que odeio

tudo que existe

é uma mancha

um vírus

como sem real noção

de sua impertinência

penetra em meu corpo

alma

espírito

coração

olhos e sangue

faz minhas tripas darem um nó

me fazer vomitar algo que

a este ponto

nem mais reconheço

perco o controle do que deveria

ser meu

quero controle

sobre tudo o que odeio

me esforço como o último idiota

antes do circo fechar

gritando palavras desconexas

pensando existir mérito em meus pensamentos

o ódio é confiável

sempre estará presente

do nascer ao por do sol

durante as horas escuras

que parecem me amar das quais não

consigo me livrar

falo sobre o amor

logo sou estapeado pela vida

e por minha ingenuidade

ódio é o que todos possuem

amor está apenas nos livros

você também está infectado

talvez suas mãos ainda não estejam fechadas

em eterno punhos

talvez seu coração ainda não esteja infinitamente

dilacerado

mas odeio o que está aqui

odeio tudo com o mais profundo

sentimento de insatisfação

odeio tudo que penetra meus sentidos

violam meus pensamentos

odeio mais ainda seus arautos

odeio mais ainda seus combatentes

odeio as palavras

já as perco

já me repito

já suplico

para que se nada além do ódio

este logo me leve

seja para qualquer lugar

infinitamente longe daqui

é minha única e última súplica

é o suficiente

é o suficiente

é inaceitável que algo tão sujo

tenha sido concebido

por qualquer entidade infeliz

que o tenha feito