Ao deslimite da razão

Quantas vezes reanimamo-nos

reparidos, em tempo de solidificarmos o que nos convêm...

Queimamos neurônios talados com o tempo,

no tempo que foi, no tempo que ainda virá, ou, estoicos, vivemos harmônicos, simplesmente, já que não adianta sofrer quando não se tem a menor possibilidade para a resolução de determinado problema. Então, deixamos a vida nos levar, e, mais adiante pagamos o preço do que escolhemos... Se é o certo pra uns, pra outros talvez, a sagrada força de viver seja no abalo, na ânsia de provar para si (ou para outrem) o "valor construído" que encharca a alma de brio. Tantas vezes sentimo- nos sós mediante os percalços dessa trilhada e louca caminhança, contudo, bastar-se a si mesmo, também, não seria uma escolha? Diga pra mim!

Ei, diga pra mim

se o que sentes

ou sentias, lá,

lá bem fundo,

nesse'scorrer das letras

(eis a perfídia do sentir)

a ilusão da tua saudade

se é factual ou utopia...

Diga pra mim se o que falas

é lá do fundo que vem

do cerne da tua vontade

ou só vontade de querer

Sim, não omitas nada

já que o não dito maldito

pode alterar tua lacuna

de caber-te, às letras

encadeadas de paixão...

Talvez caibam nas linhas

se essas, tão bem ditas

como o são em dizeres

bendizerem os sentimentos...

Não, não fales de saudades

se essas nunca existiram

ou meramente apareceram

num momento de solidão...

Diga pra mim de uma vez

se o que sentes, ou sentias

foi verdade ou oportunismo

pra que os teus versos

saiam logo do abismo

e tragam tua remissão...

Vem... e diga pra mim

se as linhas, as da tua vida

equivalem às verdades, ou

conduzem ao passamento

num deslimite da razão.

Luzia Avellar
Enviado por Luzia Avellar em 30/10/2024
Reeditado em 30/10/2024
Código do texto: T8185714
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