Ao deslimite da razão
Quantas vezes reanimamo-nos
reparidos, em tempo de solidificarmos o que nos convêm...
Queimamos neurônios talados com o tempo,
no tempo que foi, no tempo que ainda virá, ou, estoicos, vivemos harmônicos, simplesmente, já que não adianta sofrer quando não se tem a menor possibilidade para a resolução de determinado problema. Então, deixamos a vida nos levar, e, mais adiante pagamos o preço do que escolhemos... Se é o certo pra uns, pra outros talvez, a sagrada força de viver seja no abalo, na ânsia de provar para si (ou para outrem) o "valor construído" que encharca a alma de brio. Tantas vezes sentimo- nos sós mediante os percalços dessa trilhada e louca caminhança, contudo, bastar-se a si mesmo, também, não seria uma escolha? Diga pra mim!
Ei, diga pra mim
se o que sentes
ou sentias, lá,
lá bem fundo,
nesse'scorrer das letras
(eis a perfídia do sentir)
a ilusão da tua saudade
se é factual ou utopia...
Diga pra mim se o que falas
é lá do fundo que vem
do cerne da tua vontade
ou só vontade de querer
Sim, não omitas nada
já que o não dito maldito
pode alterar tua lacuna
de caber-te, às letras
encadeadas de paixão...
Talvez caibam nas linhas
se essas, tão bem ditas
como o são em dizeres
bendizerem os sentimentos...
Não, não fales de saudades
se essas nunca existiram
ou meramente apareceram
num momento de solidão...
Diga pra mim de uma vez
se o que sentes, ou sentias
foi verdade ou oportunismo
pra que os teus versos
saiam logo do abismo
e tragam tua remissão...
Vem... e diga pra mim
se as linhas, as da tua vida
equivalem às verdades, ou
conduzem ao passamento
num deslimite da razão.