O peso bruto do amor

21 gramas de fulana, 18 de ciclana

Fulana terminou tudo e não se ama mais, emagrece-se de imediato

Entrou circundina, 23 gramas de puro amor não correspondido

34 gramas de Maria, saco de papel a granel - perecível

1 quilo e meio de Ana, embalagem fechada a vácuo com aditivos anti-idade

Mensurando o amor próprio, o peso seria nulo?

Há alguma medida de amor, quando o medimos?

Peso, massa, densidade

Se o amor existe na fisicalidade

Nada mais justo e óbvio que a etiquetagem

Com preço, lote, fabricação e data de validade

Vai que o produto venceu? Não se vende nada vencido

E se paga mais barato se está próximo a vencer - dizem os supermercados de amor

E aquele defeito de fabricação?

Troca-se na garantia?

Bem, talvez se torne um amor desses que ficou na prateleira, empoeirado e mal entendido

Esperando um rótulo certo, aquele que os amores não deveriam ter

O amor nunca vem de brinde, e nem são aqueles centavos de troco em balas na falta de moedas

É estoque que nunca acaba, em sacolas sempre retornáveis

Acumulando recibos, para a promoção de fim de ano

Onde todos os impostos pagos, voltam para o bolso dos consumidores poetas

Photosfera
Enviado por Photosfera em 10/10/2024
Reeditado em 13/10/2024
Código do texto: T8170762
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