O peso bruto do amor
21 gramas de fulana, 18 de ciclana
Fulana terminou tudo e não se ama mais, emagrece-se de imediato
Entrou circundina, 23 gramas de puro amor não correspondido
34 gramas de Maria, saco de papel a granel - perecível
1 quilo e meio de Ana, embalagem fechada a vácuo com aditivos anti-idade
Mensurando o amor próprio, o peso seria nulo?
Há alguma medida de amor, quando o medimos?
Peso, massa, densidade
Se o amor existe na fisicalidade
Nada mais justo e óbvio que a etiquetagem
Com preço, lote, fabricação e data de validade
Vai que o produto venceu? Não se vende nada vencido
E se paga mais barato se está próximo a vencer - dizem os supermercados de amor
E aquele defeito de fabricação?
Troca-se na garantia?
Bem, talvez se torne um amor desses que ficou na prateleira, empoeirado e mal entendido
Esperando um rótulo certo, aquele que os amores não deveriam ter
O amor nunca vem de brinde, e nem são aqueles centavos de troco em balas na falta de moedas
É estoque que nunca acaba, em sacolas sempre retornáveis
Acumulando recibos, para a promoção de fim de ano
Onde todos os impostos pagos, voltam para o bolso dos consumidores poetas