Suicídio de um poeta frágil
Sinto a paixão crescendo em meu peito
Mas lembro que ela me levará ao meu leito
Amores platônicos, inalcançáveis e inexistentes
Incapaz de ser amado eu
Sofro de uma doença chamada tolice
Esta doença está se espalhando em minhas artérias, sangue, pele, tecidos, órgãos e células
Estão evoluindo e me matando a cada dia
Levando a doçura e felicidade que restam em mim
Vou me tornando um ser sem cor, sem história, alegrias, momentos, deus, livre arbítrio
Me tornei meu próprio escravo
Me perdoe Endy por abrir mão de seus sonhos
A doença quer ficar e eu ir embora
Sinto-me estagnado
Apreendido
As vezes sonho com meu fim
Mas ainda sim você está lá
Está em tudo
Cansei de vê-lo
Cansei de espera-lo
Cansei de tudo
Minha garganta se abre
A cada vez que me ignoras
A cada olhada sem sentimento para mim
Se eu te dou tanto
Porque não me dá nada?
Meu estômago esvazia e seca
Meus pulmões e ouvidos explodem
Meu coração cresce
Meus olhos cegam
Minha língua murcha
E minha mente continua
Continua pois ainda está enganada
E quer viver
Viver é tão efêmero
Prefiro uma dose de veneno
Um ácido para me corromper
Para me defasar
Morrer como Sócrates
Ou como qualquer outro gênio
Triste, mas jamais esquecido
A solidão nunca foi minha amiga
Enganei-me sobre ela
Enganei-me sobre tudo
Menti para mim
Sonhei e planejei
Mas me esqueci de que isso não é real
Era imaginação de um homem ingênuo
Pobre e imaturo
Esses sonhos vagantes não se destruíram
Pois nunca pisaram em qualquer mente
Somente sangraram e se feriram em meus delírios diários
Não me lembro onde me perdi
Nem quero mais me achar talvez
Sentir a dor que não lembra
É afundar-se na escuridão massiva da incompreensão humana
Lido agora com os fatos da idade
E sei que me perdi
Para sempre
Para todo o sempre
Mata-me
Leva-me para o meu fim