Lissa

Um dilúvio há de se aproximar

Meus olhos escorrem essa densa chuva

Pensamentos de o submundo moradia se tornar

Era pra ser uma vida digna de se amar

Não, não sou um herói

Pequeno Alcides que perdoe a mim

Eu decepcionei até eu mesmo

Não, não sou vilão

Que eu domine essa dança de auto gentileza

E espante toda essa automutilação

Quem pode me dizer de onde vem essas vozes

Que afirmam que estou tão só em meio a multidão

Carente de philia e com abstinência de ágape

Tenha pena, tenha pena, tenha pena

De quem é essa voz que tanto grita?

De quem são esses olhares que tanto julga?

Esse forma que a tristeza me abraça feito xênia

Eu não pude deixar de reparar nessa bagunça

Dias corridos e vazios

Rostos distantes e dispersos

Essa mania de lissa de confundir-me

Eu só quero por um momento ser ludus

Mas me perco em Atenas nos dias de chuva

Essa saudade de um estorge que me rompe o peito

Que tanto me faz refletir feito espelho

Medo usa suas cobras para nos afastar do paraíso

Feito eros que foge por todo o jardim

E nessa tempestade provocada por netuno eu me disperso

Como faróis em meio a neblina

Resta-me cultivar philautia nesta solidão

A margem do rio eu observo a figura em teu pecado

Impaciente com a velocidade do caronte

Impaciente a dor de ficar cada vez mais distante

Em pragma eu abraço meus demônios

Neste fundo do poço já suportei a solidão

Isolado como um animal, substituído por uma outra barata

Mas ao contrário dele, eu reconheço bem minha carapaça

Alvaro Kitro
Enviado por Alvaro Kitro em 26/09/2024
Código do texto: T8160477
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