O SO(M)HO

Quero um som que entremeie na caixa,

Daqueles que saltam das cordas e saem por aí,

A tocar o outro sem pedir licença,

E que faça chorar.

Que marque nos dedos o sabor do sal,

Que não aceite conselhos,

E que saiba do poder que tem,

Quero um som que se faça de inocente.

Mas que arreganhe os dentes e ameace morder,

Quero Rita com a cor do seu rosa choque,

Caetano sem lenço e sem documento,

Djavan com o seu lilás.

E quero, nas ondas verdes do mar de Caymmi, também morrer,

Sem ouvir Buarque gritar:

“Amanhã será um novo dia da mais pura alegria”,

Quero tudo isso ignorar.

E sair de mãos dadas com Pessoa,

Sem me preocupar se é Caieiro, Campos ou próprio Fernando,

Quero me sentar junto a mim,

E sair de mim como num ato místico ou psicótico.

Ver-me ouvir o doce som,

Que traduzo no violão,

Com uma nota só,

(Não é o samba do Tom).

É o deitar das ondas nas grandes pedras,

É esse o som,

Puro e genuíno que busco,

Mas ainda sou aluno da grande orquestra que se chama: CO/RA/CÃO.

DG LEONEL
Enviado por DG LEONEL em 04/09/2024
Reeditado em 05/09/2024
Código do texto: T8143778
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