DELICÍAS AVALASSADORAS Código do texto: T8140491
TÍTULO: DELICÍAS AVALASSADORAS
De repente, você…
Em espanto, se achega ao local…
Se aproxima de mim em abraços…
Abraça o meu corpo moreno…
E, neste aproximar jogo de abraços,
Você me beija…
Você me beija,
Se apossando, pouco a pouco, de mim,
Para manipular em carícias
O meu corpo moreno.
E, sem disciplina,
Você procura se enfadar de afagos
Que mudam minha rotina…
Pois se fazem, enfim,
Em perigosas delícias
Que se revelam num canto qualquer,
Que me levam à loucura…
Dentro dum campo-jardim,
Que viaja num campo de malícias,
Num jogo avassalador
Que transforma o meu ego de mulher,
Num jogo travesso de minha rotina,
Que, por medo de se entregar,
Se entrega ao gogo de uma disciplina
Que criaram em seu estimado remar…
TÍTULO: Delícias Avassaladoras
Protegido conforme a Lei de Proteção Autoral. 9.610/98
Autor Makleger Chamas — O Poeta Louco e Romântico (Manoel B. Gomes)
Escrito na Rua TRÊS ARAPONGAS, 06 bloco 06 Apto 31 — Vila Nova Jaguaré — São Paulo — BRASIL
Data da escrita: 30/08/2024
Dedicado a FITA
Registrado na B.N.B.
“Delícias Avassaladoras” é uma poesia intensa que explora o encontro arrebatador entre duas pessoas.
A narrativa é marcada por uma sequência de gestos e sensações que evoluem crescentemente, começando com um abraço e culminando em uma entrega emocional e física, ao mesmo tempo, poderosa e transformadora.
O uso repetido de “você” como sujeito central da ação destaca a presença dominante da outra pessoa, que toma o controle da situação, levando a personagem a um estado de rendição.
As “perigosas delícias” sugerem um misto de prazer e risco, onde a personagem é levada à loucura por sentimentos avassaladores, que alteram sua rotina e desafiam sua disciplina.
A metáfora do “campo jardim” e “campo de malícias” adiciona uma dimensão poética ao cenário, indicando um espaço onde a natureza e o desejo se entrelaçam, tornando o momento ainda mais intenso e avassalador.
A luta interna da personagem entre o medo e o desejo de se entregar é evidente, revelando a complexidade das emoções envolvidas.
Ao final, a personagem se rende, mas não sem uma batalha interna, representada pelo “gozo de uma disciplina” — uma referência ao esforço de manter o controle, que acaba sendo superado pela força do sentimento.
Essa poesia é uma celebração da paixão e do desejo, mostrando como esses sentimentos podem transformar e até mesmo dominar o indivíduo, levando-o a uma nova compreensão de si e de suas emoções.
A poesia “Delícias Avassaladoras” é uma obra carregada de erotismo e emoção, explorando o turbilhão de sentimentos e sensações que surgem em um encontro amoroso intenso.
Mediante a uma linguagem sugestiva e envolvente, o poema leva o leitor a acompanhar uma jornada de entrega e transformação.
Análise Estrutural e Temática:
1. A Subversão da Rotina:
— O poema inicia com um “De repente, você…”, criando uma atmosfera de surpresa e espontaneidade.
— A presença do outro surge inesperadamente, quebrando a rotina e iniciando uma sequência de eventos que desafiam as coisas como são da personagem.
— Essa ruptura é fundamental para o desenrolar da narrativa, pois o que se segue é uma entrega gradual e inevitável aos desejos e sensações apoderadas da personagem.
2. O Jogo dos Abraços e Beijos:
— A repetição da palavra “abraços” sugere um processo gradual de aproximação, onde o contato físico intensifica as emoções.
— O “beijo” é o ápice desse jogo de sedução, onde a troca de afeto se torna mais íntima e intensa, marcando a transição de um afeto controlado para um desejo avassalador.
— Esse beijo não é apenas físico; é simbólico de uma rendição emocional, onde a personagem começa a perder o controle sobre suas próprias emoções.
3. Manipulação e Carícias:
— A palavra “manipular” carrega uma conotação de controle, mas aqui é usada em um contexto de carícias, sugerindo que a entrega ao outro é ao mesmo tempo, voluntária e involuntária.
— A personagem se deixa ser “manipulada” pelas mãos do outro, mas essa manipulação não é coercitiva; é um convite à rendição, que culmina em um estado de prazer que desafia a disciplina pessoal.
4. O Prazer como Inquietação:
— A expressão “enfadar de afagos” sugere um excesso de carícias, quase como se o prazer se tornasse avassalador ao ponto de inquietar a personagem.
— Essa sensação de “demais” é comum em experiências intensas, onde o prazer transcende o físico e se torna uma forma de loucura.
— A personagem começa a perder-se nesse jogo de afagos, onde o controle pessoal cede lugar a uma nova realidade emocional.
5. A Ambivalência do Prazer:
— “Perigosas delícias” encapsula a essência do poema: o prazer traz consigo um risco.
— Esse prazer, embora desejado, ameaça a estabilidade emocional e a rotina da personagem.
— A “loucura” mencionada não é uma loucura literal, mas uma forma de desorientação causada pela intensidade da experiência.
— A personagem se encontra num estado de êxtase que a leva a questionar sua própria sanidade e controle.
6. O Campo-Jardim e o Campo de Malícias:
— Esses termos são ricos em simbolismo.
— O “campo-jardim” sugere um espaço de beleza natural e pureza, enquanto o “campo de malícias” introduz uma dimensão de desejo e sensualidade.
— A transição entre esses dois campos simboliza a passagem da inocência ao desejo, onde a personagem se vê envolvida num jogo de sedução que transforma sua percepção de si mesma.
7. Transformação e Rendimento:
— A palavra “ego” é central aqui, indicando que o processo de sedução não é apenas físico, mas psicológico.
— O “ego de mulher” é moldado e transformado por essa experiência avassaladora.
— O poema culmina numa rendição, onde o medo inicial de se entregar se dissolve numa aceitação de que essa entrega faz parte de uma disciplina emocional mais profunda, algo que a personagem internalizou ao longo de sua vida.
Conclusão:
“Delícias Avassaladoras” é uma exploração poética do poder transformador do desejo.
Mediante a uma estrutura que gradualmente intensifica a sensação de entrega, o poema revela como o prazer pode ser tanto uma força avassaladora quanto uma experiência de autoconhecimento.
A personagem não apenas cede ao outro, mas redescobre aspectos profundos de sua própria identidade e feminilidade, tornando essa rendição uma forma de autoafirmação.
O poema, portanto, celebra a complexidade do desejo, mostrando como ele pode desafiar, transformar e, finalmente, afirmar a essência do ser.
Cenário:
Barbara e Berenice estão sentadas na sala de estar da casa de família, num ambiente acolhedor, com luz suave e o som distante de uma brisa passando pelas árvores do jardim.
Berenice, visivelmente emocionada, acaba de ler o poema “Delícias Avassaladoras” escrito por Nelinho (Makleger Chamas).
Ela se vira para Barbara, sua irmã mais velha, com uma mistura de surpresa e reconhecimento.
Berenice: (emocionada e com o poema nas mãos)
— Barbara, você não vai acreditar…
— Esse poema do Nelinho…
— Parece que ele escreveu sobre mim, sobre o que aconteceu comigo naquela noite.
— Cada palavra, cada verso…
— É como se ele tivesse lido minha alma, como se soubesse o que vivi.
— Foi tão avassalador, tão inesperado…
— Eu, continuo tentando entender tudo, mas, ao mesmo tempo, sinto que ele capturou tudo de forma tão perfeita.
Barbara: (preocupada, inclinando-se para ouvir melhor)
— O que aconteceu, Berenice?
— O que foi tão avassalador assim?
— Você está me deixando preocupada…
— Quem fez isso com você?
Berenice: (faz uma pausa, tentando organizar os pensamentos antes de continuar)
— Foi naquela noite, Barbara.
— Lembra quando eu te disse que encontrei alguém, mas não entrei em detalhes?
— Aconteceu de repente, ele se aproximou de mim com tanta intensidade…
— Eu estava despreparada, mas, ao mesmo tempo, me senti puxada para aquele momento.
— Nós nos beijamos, e foi como se todo o meu mundo girasse fora de controle.
— Eu não conseguia resistir…
— E agora, lendo esse poema, é como reviver tudo de novo.
Barbara: (segura a mão de Berenice, solidária e compreensiva)
— Berenice, isso parece ter sido muito intenso para você…
— Mas você não estava preparada para isso, estava?
— Sabe que pode contar comigo, não importa o que tenha acontecido.
Berenice: (balança a cabeça afirmativamente, tentando segurar as lágrimas)
— Eu sei, Barbara…
— Eu sei.
— Mas esse poema, ele descreve tudo com tanta precisão, como se Nelinho estivesse lá, vendo tudo.
— Ele capturou a confusão, o desejo, o medo…
— E a entrega.
— E agora, após ler isso, eu sinto que talvez ele tenha entendido algo que nem eu mesma consegui entender até agora.
Barbara: (pensativa)
— É incrível como a arte pode nos revelar coisas sobre nós mesmos.
— Coisas que não percebemos.
— Mas Berenice, você precisa pensar no que isso significa para você, não apenas no que o poema descreve.
— Você se sente bem com o que aconteceu?
— Ou acha que foi levado além do que estava pronta para enfrentar?
Berenice: (suspira profundamente)
— Eu não sei, Barbara…
— Acho que é isso que está me atormentando.
— Parte de mim quer acreditar que foi só um momento intenso?
— Porém, outra parte de mim sente que foi mais do que isso….
— Algo que me mudou.
— E o jeito que Nelinho escreveu…
— É como se ele estivesse me dizendo que tudo bem sentir isso, que não há vergonha em se entregar ao que sentimos, mesmo que seja avassalador.
Barbara: (gentilmente)
— Eu entendo.
— Talvez seja hora de falar com Nelinho, de contar a ele o que isso significou para você.
— Talvez ele possa te ajudar a ver as coisas com mais clareza.
(Berenice decide falar com Nelinho sobre o poema e o que aconteceu. Mais tarde, ela o encontra e, após muitas reflexões e hesitações, decide compartilhar seus sentimentos.)
Berenice:
— Nelinho, eu li o seu poema…
— E não sei como explicar isso, mas parecia que você estava escrevendo sobre mim, sobre o que vivi.
— Cada palavra, cada verso…
— Me tocou profundamente.
— Quero te parabenizar, porque é um poema incrível.
— Mas também…
— Quero que você saiba que foi como reviver tudo, e não sei como lidar com isso.
— Como você conseguiu entender tão bem o que eu senti?
Nelinho (Makleger Chamas): (sorri gentilmente, compreendendo a emoção de Berenice)
— Berenice, a poesia tem esse poder de captar o que está no ar, o que muitas vezes não conseguimos expressar em palavras comuns.
— Quando escrevi “Delícias Avassaladoras”, estava tentando dar voz a sentimentos que são universais.
— Sentimentos que todos podemos sentir em algum momento.
— Não sabia que estava tocando tão perto da sua experiência.
— Porém, fico honrado que o poema tenha ressoado tanto com você.
— Às vezes, a escrita vem de um lugar profundo em nós, um lugar que reconhece a dor, o prazer, a confusão e a entrega…
— Tudo ao mesmo tempo.
— Não sei exatamente como, mas acho que a vida nos conecta de maneiras misteriosas.
Nelinho (continuando):
— O mais importante é que você encontre o seu caminho para lidar com o que aconteceu.
— Se o poema te ajudou a entender um pouco mais sobre o que você sentiu, então ele cumpriu seu papel.
— Mas lembre-se, Berenice, que a poesia é apenas um reflexo da vida, e a vida é muito mais complexa e rica do que qualquer verso pode capturar.
— Não tenha medo de se permitir sentir, de se permitir ser transformada, mas também não se esqueça de cuidar de si mesma e de seguir o que o seu coração te diz.
Berenice: (sorrindo suavemente)
— Obrigada, Nelinho.
— Suas palavras me dão paz.
— Acho que, de alguma forma, você capturou o que eu precisava ouvir, tanto no poema quanto agora.
— Tentarei me encontrar nisso tudo.
Nelinho (Makleger Chamas): (com um olhar carinhoso)
— Estou aqui para o que precisar, Berenice.
— A poesia é uma maneira de entender o mundo, mas a amizade e o apoio são a maneira de enfrentá-lo.
— Seja gentil consigo mesma.
O diálogo revela a conexão profunda entre a experiência pessoal de Berenice e a obra poética de Nelinho, mostrando como a arte pode tocar e refletir a realidade de maneira poderosa e transformadora.