Hipócrita Divino XXI: Queda Livre

Senhor! Oh Dono de todo meu louvor! Chegue a Teus ouvidos,

Quando Diz que sou único, por uma breve eternidade,

Porventura sou o mais próximo dos sozinhos

Dizer que me amas é maior que o som em Tua voz!

Todos assobiamos nossos demônios,

As vezes as canções sem como homônimos,

É minh’alma ou são os hormônios?

Quando cessarão os meus tombos!

Doce Legião me liberte!

Pois não há costas de um corvo que suporte flagelos,

As estocadas dos katares são singelos,

Dondé que se esconde a Morte!

O anjo que caiu do céu é o favorito de Deus,

Mesmo expulso igual os seus,

Um Pai não abandonaria um filho,

Mesmo ajoelhando no milho!

Quanto duraria uma eternidade,

Uma eternidade de verdade,

Quantas areias comeriam esse bico,

Me afogo, me afago, eu fico, não há grito.

Suas palavras de amor me machucam Pai!

O melhor para minha vida é remédio amargo,

Cantai, adorai, mas meu corpo relutai!

Tomei o remédio ontem, mas o gosto não está no passado!

Nem sei se isso é poesia,

Ou se é minha própria tirania,

Não está no passo lento, meus pés doem!

E a inflamação, essa canção compõe.

Tire essas espadas, o aço grita!

Vivo preso em própria ironia,

Não sabendo ou não querendo escrever,

Não trouxe o final feliz que queria ter!

É verdade noites que passei sozinho,

Enquanto Tu me olhava com carinho?

Todos os segredos que nunca compartilhei,

Mas no meu coração, eu sei, eu sei.

De toda uma frase, quais mentiras Lhe disse?

Por sinais procurei em minhas confusões,

Era isso que queria que eu vivesse?

Olha como me deixaram os caçadores de corações!

Foi verdade quando nós rimos e choramos,

Indecisos sob um teto que goteja,

Se não há tempestade, porque meu rosto nós molhamos,

Há rios embaixo de meus olhos, veja!

Ah Deus, como é difícil o respirar,

Sinto frio até o puxar do ar,

Se até o necessário me machuca,

De quem é a culpa?

Nem a embriaguez me tira desse plano,

O plano do destino dos ventos dourados,

Como o ouro daqueles cabelos,

Como o azul daquele julgamento!

O que é esse sentimento vazio e constrangedor,

Que nem Tua palavra de esperança constrange essa dor,

Porventura não sou merecedor de paz,

A solidão é uma arma que perfaz.

Olhe essa metamorfose ambulante que sou!

Um rei pássaro sem bico, asas, penas e rancor!

Perdido entre o pensamento humano e a vontade animalesca,

A frequência cardíaca não é a mesma.

Se eu perder minha forma, cairei,

Pois das areias desse castelo não mais pisei,

Somente os ventos andam me suportando,

Eu estou abandonando.

Tu conhece teu filho, oh cria maltratada!

O Senhor curvaria sua infinidade para me ouvir?

Estou a cair, estou a cair!

Que linhas malvadas.

Ah Pai, suplico por auxílio,

Hoje não sou guerreiro, nem algoz, sou apenas filho!

Me apara com um universo de possibilidades,

Perdoa todas as minhas maldades!

Ah meu Senhor, meu Divino Genitor!

Quão grande é minha dor,

Esse desprezo, esse dissabor,

Dá-me Teu infinito amor!

Giro, rodopio, caio de uma montanha de confusão!

Dá-me uma oportunidade de aterrissar,

Nem que seja por furacão,

Eu só quero me cuidar.

Se for me deixar cair,

Me avise que fecharei os olhos,

Pois assim não deve doer,

Se eu não ver o solo que irei atingir.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 22/07/2024
Reeditado em 22/07/2024
Código do texto: T8112680
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