Vou-me embora pra Libertinada
Vou-me embora pra Libertinada
Lá eu sou amante da preula
Lá terei a mais bela morena
Na cama, na rede ou na relva,
Vou-me embora pra Libertinada.
Vou-me embora pra Libertinada,
Aqui nada tem mais graça
Lá somente prazer e aventura
Vivendo de forma eloquente
Tal Dom Quixote – cavaleiro andante
Que nasceu do mestre Cervantes
Que na loucura sonhou com Dulcineia
E mil batalhas com que nunca teve.
E lá farei canções, yoga e poesias
Andarei de bike de madrugada
Montarei em rabo de foguete
Subirei em telhados da vizinha
Tomarei banho em caixa d’água
E quando tiver de saco cheio
Deitarei no banco da praça
Mandarei chamar a morena
Pra me contar lascívias meras
Carícias até de madrugada
Nos seus braços ser carregado
Vou-me embora pra Libertinada.
Em Libertinada se faz de tudo
La, um lugar intenso de prazer
Lá o processo é a tranquilidade
Resenhas, contentamento e diversão
Ninguém precisa de celular
Rotinas, remédios, nem vacinas
Somente ser amado pela amada
Muitas estrelas pra gente contar.
E quando a tristeza quiser voltar
Aquela tristeza à noite de outrora
Vontade de na internet navegar
Lembro: “Lá sou amante da preula!”
Lá eu terei a mais bela morena
Na cama, na rede ou na relva
Vou-me embora pra Libertinada.
* Dedicatória ao Mestre Manuel Bandeira - "Vou-me embora pra Passárgada" Obra; Libertinagem, 1930.