A Ferida

A ferida, que veio só de ida,

Tem seus dias marcados,

Por enquanto sangram,

Mas há de ser cicatrizados.

Mas por enquanto deixa sangrar,

Deixa aberta para doer,

Não vou deixar de me amar,

Não vai me fazer morrer.

Esse momento é único e pessoal,

Ninguém terá uma ferida igual,

Ela arde, queima e me irrita,

É parte da vida.

Pois deixa sofrer,

Deixa escorrer,

Embebedando o piso,

Com meu sangue mestiço.

Feridas ardem enquanto abertas,

Não podem ser cobertas,

E o processo de cura coça,

Enquanto sangra deixa poça.

E no processo de cicatrização,

Deixa uma recordação,

Doendo eternamente,

A pele não é a mesma de sempre.

Cicatrizes são ferozes,

Por sentimentos atrozes,

Sinto sede do meu sangue!

Tente a sorte, me engane!

Faça o seu pior,

Seja de carinho ou de ódio,

Te colocarei em um pódio,

Para tirar o meu melhor.

Veja o meu sangue vermelho!

Da cor de todo santo e pecador!

Sangue que tirei com muito esmero,

Você não pode me livrar da dor.

Escorre e é real,

Mas o momento é só meu,

Há de cicatrizar, há de cicatrizar,

Para lembrar!

Que feriu,

Que jorrou,

Que amargurou,

Que abriu.

Há de fechar,

Já está a cicatrizar,

Me ensinou,

Mas fechou!

Sou maior que as feridas,

Lamberei todas se necessário,

Não te darei boas-vindas,

Pisarei no pescoço do carcerário.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 12/07/2024
Código do texto: T8105443
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