Morto Não Dança

Na penumbra da mente, uma chama se lança

Mas o morto não dança, não segue a balança

É livre do fardo, das sombras do dia

Navega sem rumo, em maré fria

Não danço ao compasso da vida insensata

Sou eu, o morto, na noite silente e prata

No palco vazio, onde todos se lançam

Fico imóvel, sereno, enquanto outros se cansam

Sou eco de risos que nunca ecoei

Fantasmas de festas que nunca celebrei

Os outros girando, em roda e ciranda

E eu, parado, na minha demanda

A música toca, mas eu não ouço

O morto não dança, não entra no poço

De normas e regras, de pressões sem fim

Sou apenas eu, fiel a mim

A multidão clama, seus gritos são vãos

Seguem suas trilhas, obedecem às mãos

Mas eu, o morto, não sigo a trama

Minhas escolhas são meu diagrama

Na solidão do ser, encontro a paz

No silêncio profundo, onde o tempo jaz

Não preciso de festas, de aplausos ruidosos

Minha alma se acalma, em passos ociosos

Assim sigo em frente, na minha bonança

Pois o morto não dança, não faz aliança

Prefiro a verdade, a calmaria do não

Do que ser prisioneiro da vã multidão

Sem herança

Sem liderança

Sem esperança

O morto não dança

Junior Lima (Messias)
Enviado por Junior Lima (Messias) em 18/06/2024
Código do texto: T8088717
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