Colete de Chumbo
Álgido e ponderoso é o manto,
Qual se debruça sob meu ventre.
Faz-se oneroso dele despir-se, quando levanto,
Rígido, estende-se comigo junto ao sol quente.
És ligando do etanol e da fumaça,
Que, por displicência, fui tolerando.
Sua farsa, me tragando e consumindo,
Meus prantos suprimindo na mordaça.
Não conhece morada tranquila ou repousar
Aquele que habita a si mesmo
Sem entregar-se nunca a nenhum lugar
Ainda que deste colete de chumbo eu me desfaça
Verei o mundo detrás desta máscara
Onde a cura não alcança
Ou cujo reflexo eu disfarço pra não olhar
Permanecerei surdo e mudo a todo espelho
Que tenha uma resposta pra me dar
Serei eu o manto pesado
De que eu sempre quis me livrar?