A Noite do Guerreiro

O Guerreiro solitário

Caminha a noite

Pela cidade deserta.

O vento gelado

Vindo das montanhas

Sussurra dentre os destroços

de prédios condenados.

Corpos em decomposição

perfilados nas calçadas

acompanham com olhar gélido

O andar pausado e relutante

do morto-vivo, que confere

Seu espolio, suas conquistas.

Um corpo esquálido

passeia com olhar sem brilho

pelo cemitério a céu aberto.

As imagens da guerra alucinada

varrem como centelhas

Sua memória claudicante.

Por um instante,

apenas por um breve instante

tem um sonho, num lampejo.

Esboça um sorriso estranho

uma expressão decomposta

“Devo estar ficando louco”

Pensa

Porque naquele instante decisivo

O que mais almeja

É repousar na paz

Daquele cemitério sinistro

Olha para o rifle.

Ainda tem uma bala intacta.

O remédio derradeiro

para seu sono eterno

no abismo da escuridão.

João Drummond
Enviado por João Drummond em 01/06/2024
Código do texto: T8076305
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