A Noite do Guerreiro
O Guerreiro solitário
Caminha a noite
Pela cidade deserta.
O vento gelado
Vindo das montanhas
Sussurra dentre os destroços
de prédios condenados.
Corpos em decomposição
perfilados nas calçadas
acompanham com olhar gélido
O andar pausado e relutante
do morto-vivo, que confere
Seu espolio, suas conquistas.
Um corpo esquálido
passeia com olhar sem brilho
pelo cemitério a céu aberto.
As imagens da guerra alucinada
varrem como centelhas
Sua memória claudicante.
Por um instante,
apenas por um breve instante
tem um sonho, num lampejo.
Esboça um sorriso estranho
uma expressão decomposta
“Devo estar ficando louco”
Pensa
Porque naquele instante decisivo
O que mais almeja
É repousar na paz
Daquele cemitério sinistro
Olha para o rifle.
Ainda tem uma bala intacta.
O remédio derradeiro
para seu sono eterno
no abismo da escuridão.