Loucura andarilha

Tomei muitas pílulas hoje ao anoitecer

Minhas mãos estão trêmulas e as visões distorcidas

A mente dança em ritmos dissonantes

Num balé de sombras e brilhos confusos.

A realidade se desmancha, escorre pelos dedos

Em um fluxo incessante de delírios e ecos

Cada pensamento é um grito surdo

Perdido em um labirinto sem paredes.

As cores se misturam, viram mar de abstração

Um quadro de caos pintado pela insônia

Onde cada traço é um vestígio de razão

Desvanecendo-se em espirais de solidão.

A lua, cúmplice silenciosa dessa travessia

Sorri de seu trono no céu, misteriosa,

Ilumina com frieza os segredos da mente

Que se despedaça em mil fragmentos de incerteza.

No abismo das horas, fico perdido sem pressa

Abraço o desvario com mãos cambaleantes

A loucura sussurra, doce e venenosa

Promessas de liberdade em sua dança errante.

E assim, navego sem rumo, na maré do esquecimento

Buscando nas estrelas algum traço de sanidade

Mas só encontro o vazio, vasto e sedento

Ecoando o som surdo da minha própria vaidade.

Filho da Lua
Enviado por Filho da Lua em 29/05/2024
Código do texto: T8074280
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.