Loucura andarilha
Tomei muitas pílulas hoje ao anoitecer
Minhas mãos estão trêmulas e as visões distorcidas
A mente dança em ritmos dissonantes
Num balé de sombras e brilhos confusos.
A realidade se desmancha, escorre pelos dedos
Em um fluxo incessante de delírios e ecos
Cada pensamento é um grito surdo
Perdido em um labirinto sem paredes.
As cores se misturam, viram mar de abstração
Um quadro de caos pintado pela insônia
Onde cada traço é um vestígio de razão
Desvanecendo-se em espirais de solidão.
A lua, cúmplice silenciosa dessa travessia
Sorri de seu trono no céu, misteriosa,
Ilumina com frieza os segredos da mente
Que se despedaça em mil fragmentos de incerteza.
No abismo das horas, fico perdido sem pressa
Abraço o desvario com mãos cambaleantes
A loucura sussurra, doce e venenosa
Promessas de liberdade em sua dança errante.
E assim, navego sem rumo, na maré do esquecimento
Buscando nas estrelas algum traço de sanidade
Mas só encontro o vazio, vasto e sedento
Ecoando o som surdo da minha própria vaidade.