Gota de tinta
Em certas horas
é assim que sinto-me:
como esta gota de tinta
perdida no chão...
nela não há sentido,
somente há falta de razão!
Sabe, talvez minha razão
nunca tenha estado em você,
mas já não creio nisso...
Creio nesta luz,
que falta a este céu nublado
e nesta chuva que não cai
— já secaram as lágrimas...
Creio nestes segundos perdidos,
nas palavras não escritas,
nestas dores sentidas
no fundo do coração!
Mas brindemos....
brindemos ao sofrimento do mundo!
Brindemos!
Enchamos o cálice
e deixemo-lo entornar
aos poucos, dentro de nossas vidas!
Brindemos à alegria da vida
— ela sorri enquanto choro
e, enche novamente o cálice
para matar-me, bem aos poucos!
E, sou aquela gota de tinta perdida...
aquela lágrima caída
nas palmas de tuas mãos!
Talvez pise a gota de tinta, mas...
jamais poderei acabar com o chão!
E antes que meu sangue
acabe de entornar,
brindemos uma última vez...
A que iremos brindar?
À alegria da vida,
a mais este efêmero segundo,
àquela gota de tinta,
ao sofrimento do mundo!