Aqui Estou Novamente Rezando Pelos Meus Antecessores
Eu fui queimado no altar todas as vezes
Acariciaram meu corpo em chamas com contundência
O primeiro mundo valsando com o fascínio
E toda a sua eloquência passivo-violenta
Eu inventei a beleza com espelhos
Eu inventei a paz de abóbora
Eu inventei a ciência com o pavor
Eu inventei a lua com o cinema
Eu fui meu próprio amante
Traí todas as minhas palavras
Comigo mesmo, em ocasiões passionais
Em que precisei desviar as mãos de catedrais
Todas as vezes que olhei para o céu
Eu vi a roda derreter e girar ao contrário
E com as sobras dos fios de prata, fiz teu nome
Assim, a noite esculpira de mim todas as suas criaturas
Viu-se o transbordar de uma cruz suburbana
Um dragão mais assertivo que moinhos
Com os olhos tensionados e caminhar traiçoeiro
Cismando um ouro suspenso, cismando uma revanche
As engrenagens mostraram o caminho dos inimigos
Virgílio, não há mais cura em transitar pelos males
Oferecendo um safári afrodisíaco e um turismo póstumo
Por todas as flores malignas que se originaram do excesso
Tua intenção não revoga tua prática
Meu peito é despedida e enfermaria
Cada um desses pecados que me intitulam
Urgem num samba prescrevendo sintomas
Toda a devoção é performativa
O teu ser é uma perfumaria
Capaz de corromper métodos
Um filho sem êxito, projetando dilemas…