Insônia
Ao cair da noite sombras se movem furtivas.
Uivos e gritos ao longe, de criaturas sem rosto.
Deitado no escuro, olhar inquieto, demente,
A audição sensível rastreia em prontidão
A distância e natureza do perigo iminente.
A insônia, esta companheira insensivel
Não dá tréguas, se junta ao exército implacável
Que nos acossa, em espreita perene.
O tempo parou na dimensão presente.
Os ponteiros do relógio não se movem mais.
O coração bate acelerado, em descompasso.
O ar frio da noite nos chega insuficiente,
Os fantasmas do passado, emergem como
Vividas lembranças, como fatos recentes.
Um campo de batalha se formou no escuro da mente.
A batalha que se vislumbra é única, definitiva.
Na linha tênue que demarca os terrenos adversários.
Nas trincheiras que cortam o campo minado.
Dois comandantes dão suas ordens, traçam estratégias.
De um lado a Razão, de outro a Loucura.
A luta segue até o nascer do sol quando
Seus raios vibrantes, quentes, queimam
Sem piedade os combatentes do exército sombrio.
Mais uma luta vencida, mais um tempo conquistado
Nesta guerra que se perpetua logo que a noite cai.