Espelho
Eu vi espelhado no mundo
A imagem daquilo que eu me tornei
E eu sei que é cedo demais
Mas é tarde pra esperar colher o que plantei
Eu já sinto a impiedosa ferida
Inflamada com meu ódio e meu reflexo
Eu já noto tanta dor e agonia
E eu já cansei de mendigar amor e afeto
Eu não sou apenas um
Eu sou aquilo que você viu
Eu sou cada um nos olhos dos outros
Eu sou a multitude, mais de mil
Eu sou cada interpretação
Que fizeram sobre mim
Seja da velha da esquina
Ou a quem minha história dividi
Eu sou tudo e eu sou nada
Sou apenas a dor da ansiedade
De um purgatório com a boca calada
Pagar o preço de nunca ser verdade
Pois não me dou ao luxo de ter história
Só memórias e um presente parado
Do que me adianta ansiar por algo
Se eu nem tenho o direito de sonhar agora?
Mas sou apenas objeto
Pedaço de ódio, incompleto
E maldade concreta
Eu sou o espelho, reflita.