Verdades imperfeitas
Ó vida ociosa! Para onde me carregas?
Chega de ouvir a desarmonia das tuas orquestras
Ó repulsiva recordação! Por que me pareces maldição?
Não quero mais lembrar os males da tua inexatidão
Ó falsa exclamação! Quantas vezes vais invadir o meu rosto?
Tenho medo de acordar e sentir o teu amargo gosto
Ó repentina tristeza! Por quantas noites ainda vais me levar ao desespero?
Cruel demais é sentir teu toque grotesco
A minha ociosidade me levou a atos insanos
Verdades imperfeitas são buracos cranianos
As más lembranças são rápidas pancadas, de vez em quando, me acertam
Exasperações me afetam
Exclamações contraditórias me atormentam, difícil não ficar confusa
Quando a vida se torna difusa
Os desgostos que me surgem subitamente são inexplicáveis
E as minhas fúrias contra tudo que me atinge são amáveis
Tudo desaba em cima das minhas costas
Posso sentir as fraturas expostas
E eu continuo esta criatura mansa
Caminho devagar para onde meu passo alcança
A acidez humana me leva ao fundo do tormento
Porém dela não me alimento
Já sei viver com a devastação enrustida
Levanto muralhas em meio as ruínas
Ó repulsiva recordação! Ó falsa exclamação! Ó repentina tristeza! Ó vida ociosa, meu Deus!...